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Iluminação Inteligente transforma sono e saúde: O que a Neuroarquitetura tem a ensinar

Designer de interiores autista, Pricila Nogueira explica como pequenos ajustes mudam vidas.

A forma como iluminamos nossos lares não apenas determina a atmosfera dos ambientes, mas influencia diretamente o funcionamento do nosso cérebro e da nossa saúde física e emocional. É o que revela a neuroarquitetura, campo emergente que conecta arquitetura, neurociência e psicologia para transformar espaços em aliados do bem-estar.

Pesquisas recentes da Universidade de Harvard comprovam: exposição excessiva à luz branca ou azul durante a noite pode atrasar a produção de melatonina, o hormônio responsável por regular o sono, dificultando o adormecer e reduzindo a qualidade do descanso. O resultado? Mais ansiedade, queda de imunidade, problemas de memória e mau humor constante. “A iluminação é um componente fundamental para a saúde, principalmente para quem já tem sensibilidade neurológica, como pessoas autistas”, explica a designer de interiores e especialista em neuroarquitetura, Pricila Nogueira.

Diagnosticada no espectro autista, ela conta que precisou adaptar a própria casa para não agravar quadros de ansiedade ou insônia. “Pessoas autistas são, em geral, mais sensíveis à luz artificial, ao excesso de estímulos e à alteração do ciclo natural do corpo. A luz branca à noite pode desencadear crises de ansiedade, dificuldade para desligar o cérebro e insônia. A mudança para a luz amarela, mais quente, transforma a rotina e o humor da família inteira”, reforça.

A neuroarquitetura recomenda adotar luzes brancas ou neutras apenas durante o dia, para estimular a produção de cortisol, hormônio que nos mantém alertas e produtivos. Ao anoitecer, a transição para tons quentes e amarelados, como fitas de LED ou abajures, faz toda a diferença. “O ambiente precisa comunicar ao cérebro que é hora de relaxar. A iluminação certa informa ao corpo que o dia acabou, facilitando o início do sono e melhorando o ciclo circadiano”, explica Pricila. Em sua experiência, até sensores de movimento que acionam luz suave durante a noite ajudam crianças e adultos a não se despertarem completamente em idas noturnas ao banheiro, por exemplo.

De acordo com a Associação Brasileira do Sono, 73 milhões de brasileiros têm algum grau de insônia. E, segundo o Instituto do Sono, 58% relatam piora do sono após o uso de eletrônicos e luzes frias à noite. Pequenas mudanças podem trazer grandes benefícios. “Seja você autista, neurotípico, adulto ou criança, sua casa pode trabalhar a favor do seu sono. E quando a gente dorme melhor, tudo melhora: memória, concentração, disposição, até a imunidade”, garante Pricila.

No fim das contas, a neuroarquitetura ensina que a casa deve ser aliada do descanso, nunca inimiga. Adotar a luz branca de dia e a luz amarela à noite é simples, barato e pode transformar profundamente a saúde da família. “A casa perfeita não é a mais cara, mas a que cuida da gente quando a gente mais precisa”, conclui Pricila Nogueira.

Da Redação/Assessoria

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