Com olhar contemporâneo para o artesanato tradicional, as peças transportam uma tradição ancestral
Objetos do cotidiano e da cultura de Pacatuba, no pantanal sergipano, foram o ponto de partida para a criação da coleção de estreia da Casa de Marimbondo. O puçá – pulsar -que as mulheres usam para mariscar na comunidade do Tigre, o tear onde é trançada a taboa e o barco utilizado para retirar as fibras naturais das lagoas do segundo maior bioma pantaneiro do Brasil se transformaram em peças que transportam uma tradição ancestral.
O desenvolvimento da coleção aconteceu a partir da relação horizontal construída com as mulheres do povoado pela multiartista Naná Oliveira e pela arquiteta Giovanna Arruda. O resultado é um olhar contemporâneo para as artesanias presentes naquele espaço comunitário e em suas moradias. “O que chamam de design, nós chamamos de tradição. Nosso alicerce é o modo de viver do Nordeste e tudo o que nos envolve. Essa primeira coleção é inspirada na natureza orgânica e comunitária do povoado do Tigre, em Pacatuba, onde mantemos a tradição originária de viver no tempo e do que a natureza oferece”, conta Naná.
As peças foram construídas a partir de dois materiais: a taboa e o vergalhão. Ambos os insumos que são facilmente encontrados no local e lá beneficiados. Segundo Giovanna, as hastes de aço fazem parte dos mobiliários interioranos pelo seu baixo custo e longevidade, e criam uma estética única de preservação da memória daquela comunidade. Já a taboa é o elemento central do artesanato local e cresce em abundância nas lagoas do povoado. “Fomos entendendo os materiais, estudando as possibilidades, explorando as tramas das fibras, propondo e vendo viabilidades, até chegarmos a melhor finalização de cada peça”, descreve a arquiteta.
Para Naná, o processo de construção desse mobiliário reformula conhecimentos que existem há muito tempo e que agora são a base das criações da Casa de Marimbondo. “Junto à estrutura de aço de um passado colonizado, trouxemos a palha da taboa como referência de um presente de resgate e manutenção de um sistema socioecológico, no qual se colhe e não se degrada, onde se alimenta e nada falta, onde esse trançado tradicional não se perde com o passar do tempo”, conclui.
Sobre a Casa de Marimbondo:
As casas de marimbondos são estruturas consistentes e sólidas, construídas em lugares afastados de intempéries. Esse foi o pensamento da multiartista e artesã Naná Oliveira e da arquiteta Giovanna Arruda ao criar a marca que tem como objetivo preservar a cultura, gerar prosperidade e novas fontes de renda para mulheres de comunidades tradicionais nordestinas. A primeira coleção ficou pronta em novembro de 2023 e, anualmente, pretendem apresentar novos projetos, sempre com uma leitura contemporânea de mobiliários e artefatos presentes nos espaços de moradia e comunitários brasileiros. Para isso, conta com o olhar técnico de Giovanna e dos conhecimentos em artes e pesquisa com comunidades periféricas e tradicionais de Naná.
Serviço:
casademarimbondo.com
@casade.marimbondo
Showroom: Rua João Moura, 173, São Paulo – SP
Fonte: Da Redação/Assessoria